26 anos de perícia, farmacêutica por formação e adepta do “faça você mesmo”. Esta é Gisele Floriani, a entrevistada da vez da série “Trabalho de Perito”, do Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares do Paraná – SINPOAPAR. Foi em 1994, no último ano da faculdade, que ela decidiu ser perita criminal. E mesmo com os inúmeros desafios enfrentados no dia a dia da Polícia Científica, se tivesse que voltar no tempo, escolheria a perícia oficial.
A vida dela fora da perícia oficial tem espaço não só para Paulo Zempulski, seu parceiro, mas também para sua filha de 21 anos, que atualmente estuda fora do país. “Sinto muita saudade e o vazio é imenso, mas tenho muita admiração pela coragem, talento e pela pessoa que ela é. Então, sem a filha em casa, fora do trabalho eu ocupo meu tempo comigo e com meu companheiro”, conta a perita.
Gisele Floriani já praticou crossfit, ioga tibetana e hatha ioga. Hoje, seus principais hobbies são ler e cozinhar. “Tenho muitos livros de culinária e sempre experimento novas receitas. Ganhei uma máquina de costura há pouco tempo, portanto agora tenho um novo hobby. Sou adepta do ‘faça você mesmo’: reforma de móveis, artesanato, trabalhos manuais, jardinagem e agora, costura. Sempre que preciso ou quero algo e acho que sou capaz de fazer, tento aprender para poder fazer sozinha”, revela.
Na espera pela vacina contra a covid-19, ela só pensa na volta à normalidade para mais uma vez aproveitar viagens, caminhadas, trilhas, “morro para subir” e shows musicais. Com gosto eclético, que vai do rock ao samba, ela enumerou artistas que já curtiu ao vivo: “De AC/DC, Motorhead, Foo Fighters, Bad Religion, Misfits, David Gilmour a Elton John, Madonna e Amy Winehouse”.
Mas não é só de barulho que é feita a rotina dos seus momentos livres. A perita criminal gosta de meditar. “Já fui aluna em curso de meditação onde fiquei por 10 dias em silêncio e já fui voluntária nesse curso, ajudando na cozinha”, relatou. Umbandista, prática espiritualista que se pauta pelo exercício da caridade, Gisele Floriani frequenta um terreiro que é mantido com a ajuda dos membros da casa.
TRABALHO DE PERITA: formada em Farmácia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), ela tem mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Sua dissertação foi uma análise da cocaína e resultou em um artigo publicado na Forensic Science International. “Fiquei muito feliz por aceitarem publicar o artigo. Apesar de não ser uma revista com grande impacto no meio acadêmico, é um importante periódico na área de Ciências Forenses. Quis submeter o artigo especificamente para a revista por ser complementar ao meu trabalho como perita com formação em Farmácia e por ser da área forense.”
Com 26 anos de carreira, a perita criminal passou duas vezes pela Seção de Crimes Contra a Pessoa (de 1995 a 2003 e de 2011 a 2019); atuou na Seção de Ciências Químicas e Biológicas (de 2003 a 2011); e já fez plantões no interior do estado para “completar a escala pela deficiência crônica de profissionais”. Hoje, o principal obstáculo a ser superado são as perícias que competem à Documentoscopia – onde está lotada atualmente.
“Até dezembro de 2019 eu estava lotada na seção de Crimes Contra a Pessoa. Pedia com certa regularidade minha transferência para uma seção interna, até ser afastada por ordem médica devido a uma lesão de pele desencadeada por estresse. As ocorrências de crimes contra a pessoa são muito interessantes e desafiadoras, porém o serviço de plantão é extremamente estressante e cansativo e que esgota o profissional tanto física quanto emocionalmente. [Somado a isto está] a estrutura de apoio aos peritos plantonistas, que é muito deficitária e impede que se mantenha a tranquilidade necessária para executar um bom trabalho, resultando em falta de entusiasmo, queda de rendimento, desmotivação e doenças”, complementa.
Segundo Gisele Floriani, no dia a dia no Instituto de Criminalística (IC), é comum o contato com muitas injustiças relacionadas aos casos que precisam da perícia, mas também contra a própria carreira dos peritos oficiais e auxiliares. “Muitas vezes acabamos criando uma barreira para não nos envolvermos emocionalmente, mas não podemos banalizar a precariedade de direitos e da estrutura de trabalho.” Para ela, a pressão política por resultados de perícias esbarra na ausência de equipamentos, insumos, conhecimento técnico ou falta de pessoal na Polícia Científica.
Apesar de todas as adversidades, ela não se vê em outra carreira. “Adoro ser perita, minha vida profissional toda foi como perita e também foi como perita que aprendi a ser professora, ministrando aulas na Escola Superior de Polícia Civil e Academia Policial Militar do Guatupê. É uma carreira que eu escolheria novamente, apesar de pouco valorizada e cheia de injustiças, principalmente porque foi nessa carreira que conheci meu grande amigo, melhor parceiro e amado companheiro de jornada”, finaliza a perita criminal.
Assessoria de Comunicação
Sinpoapar