“Constatou-se a existência de uma escavação ao lado da edificação que ruiu. As fundações eram superficiais, do tipo bloco. Neste tipo, as cargas que recebem dos pilares da estrutura (pré-moldada de concreto armado) são transmitidas pela base do bloco ao solo, que passa a apresentar um bulbo de tensões que se formam nas camadas inferiores do solo, embaixo do bloco e excedendo as dimensões da base do mesmo. Qualquer alteração do solo nos bulbos irá afetar a capacidade de suportar as cargas da estrutura”, apontou Joice Malakoski, responsável pelo exame pericial do prédio que desabou em Colombo na madrugada do dia 4 de julho.
Em sua análise prévia, a perita criminal da seção de Engenharia Forense da Polícia Científica atenta que a escavação pode ter sido a causa do desabamento, que feriu 5 pessoas, todas de uma mesma família que morava em um dos apartamentos do edifício, que tinha dois pavimentos. Máquinas escavavam um terreno ao lado do imóvel, localizado no bairro São Gabriel, para a construção de um estacionamento do mercado que ocupava o pavimento térreo do prédio que ruiu.
Segundo Malakoski, ao efetuar a escavação a céu aberto deveria ter sido feita a estrutura de contenção do solo junto à parede esquerda da construção, de modo a impedir a alteração dos bulbos. No entanto, em meio aos escombros, não foram encontrados elementos que indicassem a existência de tal estrutura. “Também verificamos que a escavação invadiu os bulbos de pressão dos blocos da fundação, reduzindo a capacidade de suporte de carga dos mesmos e causando o deslizamento destes para baixo e o consequente desabamento da estrutura”, completou a perita, que é engenheira.
Como já atuou em casos semelhantes – como o do desabamento de um prédio residencial em Pinhais, com um óbito de um operário; e o de um muro em Itaperuçu, que vitimou dois adolescentes –, ela explica que laudos como esse dependem não só da análise pericial, mas também da obtenção de documentos. No caso de Colombo, o resultado da perícia depende do acesso aos projetos e às Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs) dos serviços de escavação, além do projeto e acompanhamento da obra do estacionamento. Também será preciso acompanhar a remoção dos escombros para a busca de vestígios que porventura estiverem encobertos no local.
O laudo deverá ficar pronto em, pelo menos, 60 dias. “A análise de estruturas colapsadas é um trabalho bastante moroso, já que requer a análise documental (alvará, ARTs e projetos) e, de acordo com cada caso, exames de resistência em materiais coletados no local, além da realização de cálculos estruturais a partir dos dados levantados a partir dos escombros”, finaliza Malakoski, que contou com o apoio dos peritos Jean Formenton e Fabian Andrade, da Computação Forense, e Paulo Brito, da Engenharia Forense, na inspeção técnica no dia do desabamento.
Foto: Banda B.
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