“Ser perito oficial é ser um auxiliar da justiça, é atuar de maneira neutra, é ser a voz daquele que foi calado pela interrupção de sua vida, é vivenciar situações dolorosas e perigosas de maneira fria, sempre em busca da verdade.” A definição da carreira é da perita criminal Angela Andreassa, que aponta a família – ela é mãe de um menino e tem cinco cachorros – como prioridade quando não está de plantão. Ela é a primeira colega a ser entrevistada pelo Sinpoapar na série “Trabalho de Perito” – criada com o objetivo de valorizar o trabalho desenvolvido pela nossa categoria.
Há 9 anos no quadro da Polícia Científica, Andreassa trabalhou recentemente em um caso de grande repercussão no estado: a explosão em um apartamento do bairro Água Verde, na capital paranaense. “Escolhi esta profissão, pois nela é possível utilizar conhecimentos técnicos para contribuir com a justiça, além do trabalho ser sempre desafiador e nada rotineiro”, afirma a perita, que atualmente está lotada na Seção de Engenharia Forense do IC, onde atua no atendimento a incêndios, explosões, acidentes de trabalho e a locais de crimes ambientais.
Com experiência na Seção Técnica de Umuarama e na Seção de Acidentes de Trânsito, ela tem duas pós-graduações, em Engenharia de Campo – Saúde, Meio Ambiente e Segurança e também em Gestão Pública com Ênfase na Perícia Criminal. Junto com o perito criminal Claudemir Rodrigues Dias Filho, Ângela é autora do capítulo “Perícias Ambientais” do livro Introdução à Biologia Forense da Editora Millenium.
Questionada sobre os casos em que já trabalhou, ela aponta que os que possuem crianças entre as vítimas são sempre os mais “difíceis e pesados emocionalmente”. O caso do apartamento do bairro Água Verde, em Curitiba, é outro exemplo de caso complexo atendido por Angela Andreassa. “Foi bastante desafiador, pois iniciei os trabalhos sem qualquer informação sobre a empresa e o produto utilizado na impermeabilização do sofá”, conta ela, que precisou realizar várias pesquisas técnicas sobre a atividade e produtos usado para, então, retornar ao local da explosão e analisar os vestígios novamente.
“Somente dessa forma foi possível chegar à conclusão da causa e dinâmica mais provável da explosão. E foi extremamente gratificante quando as vítimas deram seus depoimentos e estes batiam perfeitamente com o que foi levantado durante o exame pericial”, complementa a perita.
Outro desafio em relação ao caso foi sua repercussão na imprensa que, para ela, exerce uma pressão muito grande sobre o trabalho da perícia oficial. Pressão esta que, em sua opinião, tem pontos positivos e negativos: “por um lado, ajuda a fazer com que o crime não seja esquecido pela sociedade e ressalta a importância do trabalho pericial o qual muitas vezes acaba passando despercebido diante da divulgação do trabalho de investigação policial. Por outro, a divulgação de informações do trabalho pericial e investigativo pode fornecer informações ‘privilegiadas’ para as partes, induzindo a uma linha de defesa/acusação”.
Para Angela, o maior desafio da carreira de perito oficial no Paraná é efetuar um bom trabalho com poucos materiais e recursos humanos. “Atendemos locais de crimes em apenas um perito, nos deslocamos em viaturas sem manutenção adequada, utilizamos computadores lentos e antigos e não temos uma série de equipamentos necessários para análises de vestígios”, explica nossa colega que finaliza dizendo que, apesar disso, é gratificante atuar como perita criminal, sendo capaz de “utilizar conhecimentos técnicos para transcrever os fatos e mostrar a verdade para os operadores do direito”.
Assessoria de Comunicação Sinpoapar