Uma perita criminal que descobriu sua vocação ainda na faculdade e que é conhecida pelos colegas como “a louca da tampinha”. Essa é Marianna Maia, a quinta colega da Polícia Científica a ser entrevistada pelo Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares (Sinpoapar) para a série “Trabalho de Perito”. Com uma rotina de 8 horas diárias no Laboratório de Genética Molecular Forense, ela se desdobra para dar conta da vida agitada em família, com três filhos pequenos, e ainda ajuda entidades sociais – tudo isso com um fundo musical: o do rock n’roll.
As 24 horas do dia de Marianna Maia são preenchidas não só pelo trabalho de perita criminal, mas também pelo trabalho voluntário e pela “loucura” em família, como ela mesma descreve. Casada, ela tem três filhos: Helena, de 7 anos; Breno, de 5; e Lis, de apenas 1 ano. Para dar conta do trabalho triplicado após o fim do expediente, principalmente neste momento de pandemia, ela conta com o marido. “É uma rotina bem intensa: trabalhar, chegar em casa e ter que dar atenção para as crianças, ter que administrar comida, ter que brincar. É complicado, mas não deixa de ser motivador. Eu tenho que vir todo o dia [para o laboratório] e sempre falo para as pessoas que eu não posso largar o trabalho porque quero que meus filhos tenham essa imagem de mim: de que eu sou uma profissional”, explica.
Além da família, outra coisa que faz parte da vida da perita criminal é a música, em especial, o rock n’roll. E mais especial ainda, os clássicos, que ela faz questão de ensinar aos filhos. “Meus filhos já sabem quem é David Bowie, já reconhecem ele. Minha filha de 7 anos já sabe quando estou escutando Queen. Às vezes estou numa fase de escutar músicas mais ‘tranquilonas’ para tentar acalmar a vibe. Uma coisa que me motiva muito é a música. Eu pego minha pasta ali no Spotify, fico alimentando [com novas músicas], ponho meu fone de ouvido e deixo a música rolar. [Esse] é um momento em que tento me conectar comigo. Quando eu entro em conexão comigo geralmente é pela música”.
LOUCA DA TAMPINHA: Conhecida pelos colegas como “a louca da tampinha”, ela diz que faz jus ao apelido. É que seu trabalho voluntário para um lar de idosos localizado próximo ao Instituto Médico Legal (IML) resulta na coleta de tampinhas que são destinadas a uma ONG que atua com reciclagem. O material coletado pelo asilo é enviado à entidade social em troca de fraldas geriátricas. “Eu sempre fico atrás das tampinhas. As pessoas entregam para mim: tampas e lacres”, conta ela, que também ajuda outra instituição, voltada à proteção animal.
Segundo a perita criminal, essa ação voluntária tem também outro objetivo além de ajudar quem precisa: contribuir com a redução do lixo. “O trabalho que eu tento fazer é mais voltado para a reciclagem. Eu sou muito preocupada com a natureza, com esse acúmulo de lixo, isso me deixa ansiosa. Então tudo que eu puder tirar da natureza e conseguir reciclar, isso me faz muito bem”, completou Marianna Maia, que ainda tem, na sua lista de hobbies, os trabalhos manuais. Como é ansiosa, ela curte produzir coisas que podem ficar prontas no mesmo dia: guirlandas de Natal e terrários fechados estão nesta lista. “E sempre faço tudo isso com um fundo musical”, complementa.
TRABALHO DE PERITO: Lotada no Laboratório de Genética Molecular Forense desde que ingressou na Polícia Científica em 2009, Maia já se identificava com o local de trabalho antes mesmo do concurso público. É que foi justamente neste laboratório que ela passou dois anos de estágio durante a faculdade de Farmácia e de onde tirou a conclusão de que a perícia era sua vocação. “A perícia sempre brilhou meus olhos. Quando abriu o concurso, pensei que não tinha outra possibilidade senão passar. Porque eu amei fazer o estágio. Foi um lugar em que me realizei”, conta.
Com 11 anos de instituição, Marianna Maia relatou que sua rotina no laboratório é intensa e que o principal desafio é não se deixar afetar emocionalmente pelo trabalho. “Aqui fazemos tanto perícias de exames preliminares – como pesquisa de sangue, sêmen e pelos – como de confronto genético. É um trabalho dinâmico, porque sempre me deparo com amostras novas, com vestígios únicos de um local para outro, histórias de vítimas. Cada perícia tem a sua particularidade, é preciso fazer um exame criterioso.”
Com casos como o de Rachel Genofre e do jogador Daniel no seu histórico de laudos, ela explicou que sempre trabalha sob pressão, mas que isto vem de si própria, porque sabe da importância que os laudos periciais têm para aqueles que vivenciam tragédias como essas. “Nós trabalhamos com histórias muito trágicas. É difícil ler relatos de crianças ou mulheres violentadas, de crimes horrorosos que a comunidade está passando”, complementa.
REALIZAÇÃO: mestre e doutora em Bioquímica, Marianna Maia explicou que é tão realizada profissionalmente que até quando está na função de professora, a docência está relacionada à perícia oficial. “Eu trabalho para a comunidade. É uma satisfação plena quando consigo ver o resultado do meu trabalho: ajudando uma família, fazendo justiça, ajudando uma pessoa que sofreu uma violência, ajudando a resolver algum local de crime. Eu amo o que faço”, finaliza.
Assessoria de Comunicação
Sinpoapar